Poucas figuras no futebol brasileiro conseguem ser tão autênticas, folclóricas e, ao mesmo tempo, eficientes como Aldeone Abrantes. O presidente do Sousa Esporte Clube não é apenas um dirigente — ele é a personificação de um clube que aprendeu a gostar de grandes palcos e de confrontos onde, na teoria, seria o azarão.
Aldeone é polêmico? É. Mas na dose certa. Valente como o sertão que representa, é também memória viva do futebol paraibano e protagonista de uma história que desafia a lógica do eixo e dos favoritismos. Aos poucos, foi construindo um legado com voz firme, presença marcante e uma paixão que dispensa filtros.
E não há como dissociá-lo do time que comanda. O Sousa, que neste domingo (30) conquistou o bicampeonato paraibano em pleno Almeidão, diante do Botafogo-PB, é a extensão da alma de seu presidente: destemido, competitivo e apaixonado por contrariar previsões.
O Dinossauro do Sertão gosta mesmo é de palco grande. Foi assim em 2009, quando derrotou o Treze em Campina Grande para ser campeão estadual. Foi assim em 2024, quando superou o Botafogo no Almeidão. E agora, de novo, em 2025, repetiu a dose: bicampeão paraibano fora de casa, calando o estádio lotado.
Mais que títulos, o Sousa coleciona feitos: eliminou o Cruzeiro na Copa do Brasil de 2024; encarou o Red Bull Bragantino de igual para igual; venceu o Fortaleza com autoridade na Copa do Nordeste; no ano passado, brilhou no Marizão com 2 a 0 sobre o maior campeão da Copa do Brasil.
Em cada campanha histórica, a figura de Aldeone está lá, no campo, no microfone, nas entrevistas inflamadas e emocionadas. É ele quem diz o que poucos têm coragem. É ele quem comanda o Sousa com o coração no peito e a alma do torcedor.
Aldeone é o tipo de dirigente que resgata algo que o futebol moderno tem deixado de lado: personalidade, emoção e vínculo com a torcida. Em tempos de clubes-empresa, ele é a lembrança de que a paixão ainda move o jogo.
Com quatro títulos estaduais — todos fora de casa —, o Sousa é símbolo de resistência, coragem e futebol bem jogado. E Aldeone, o homem que encarna esse espírito, já é parte do folclore e da glória de um futebol que ainda pulsa longe dos grandes centros.