Os grupos rebeldes começaram a isolar a área e alertaram para a presença de vítimas gravemente amputadas
As forças militares de Myanmar mataram hoje 12 civis e feriram 30 em novos ataques nas cidades de Myaing e Pauk, no estado de Magway. Membros de grupos rebeldes que atuam na região também disseram ao portal Mizzima que um dos ataques teve como alvo um campo petrolífero em Latpanto, perto da fronteira entre Myaing e Pauk.
"Nesta fase, não podemos confirmar se há crianças entre as vítimas mortais", informou um porta-voz das forças rebeldes que lutam contra a junta militar no poder em Myanmar desde o golpe de Estado em 2021.
O porta-voz acrescentou que o exército usou caças para lançar várias bombas, que ainda atingiram um campo de arroz em e um mosteiro.
Os grupos rebeldes começaram a isolar a área e alertaram para a presença de vítimas gravemente amputadas. E os residentes relataram o receio de que ataques possam se repetir num futuro próximo.
Myanmar vive uma grave crise desde o golpe de Estado que permitiu a volta dos militares ao poder. O Governo de Unidade Nacional declarou em setembro de 2021, a partir do exílio, uma guerra defensiva do povo contra a junta militar e apelou aos cidadãos de todo o país para que se revoltasse contra os militares que tinham tomado o poder, o que levou uma guerra civil.
Uma organização humanitária denunciou hoje que os combates entre o exército e os grupos de rebeldes junto a locais de projetos chineses, na zona ocidental de Myanmar, provocaram mais 4 mil deslocados.
Novos combates eclodiram no final de fevereiro em torno da cidade de Kyaukphyu, onde a China prometeu construir um porto de águas profundas, num investimento estimado em nove bilhões de dólares. Isolados no cenário internacional, os generais no poder estão profundamente dependentes de Pequim, que ainda pretende construir na região ocidental oleodutos, centrais elétricas e ligações de transportes.
Segundo a Organização das Nações Unidas, mais de 3,5 milhões de pessoas estão deslocadas em Myanmar.
O golpe militar de 01 de fevereiro de 2021 derrubou o governo do partido da Liga Nacional para a Democracia, da ganhadora do prêmio Nobel da Paz, Aung Sang Suu Kyii, que está na prisão desde então. Os militares já tinham estado no poder entre 1962 e 2011, tendo o golpe de 2021 interrompido o processo de transição democrática no país.