Em menos de três dias choveu o esperado para todo o mês de fevereiro em João Pessoa. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (5) pela Defesa Civil da capital.
Desde o início da semana essas precipitações causaram transtornos em diversos pontos da cidade. Semáforos ficaram sem funcionar, um deslizamento de barreira sobre uma linha férrea interrompeu o funcionamento de trens e diversas ruas ficaram alagadas. Além disso, aviões encontraram dificuldades para pousar no Aeroporto Internacional de João Pessoa.
Fora dos limites da capital paraibana, no litoral norte a Baía da Traição teve casas e estabelecimentos inundados após um rio transbordar. No litoral sul, a a igreja de Nossa Senhora da Conceição ficou completamente alagada. Em Santa Rita, na Grande João Pessoa, o muro do estádio Teixeirão desabou. Apesar dos transtornos não foram registradas mortes no Estado.
Por outro lado, as chuvas recarregaram reservatórios que abastecem regiões importantes da Paraíba, como o de Boqueirão, responsável por levar água para Campina Grande e mais 19 cidades da região.
Em entrevista ao Portal Correio, a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Morgana Almeida explicou o que está provocando essas fortes chuvas na região. Confira a entrevista completa:
Portal Correio: Qual fenômeno está causando essas fortes precipitações no Nordeste e afetando diretamente a Paraíba?
R: Esse sistema meteorológico chamado de vórtice ciclônico é um sistema típico de verão e, para a população entender, é como se a gente imaginasse um ralo de uma pia redonda, onde, nas bordas desse ralo, a água gira no sentido dos ponteiros do relógio e, no centro eu tenho um tempo aberto, sem nuvens, e nas bordas eu tenho muitas nuvens. Associado a ele, a gente tem ainda a Zona de Convergência Intertropical, que é um corredor de umidades que fica na faixa equatorial, jogando bastante umidade do oceano para o continente. Então, a associação desses dois fenômenos, e, principalmente, o lento deslocamento desse vórtice, está ocasionando toda essa instabilidade e, consequentemente, toda essa chuvarada nos litorais da região Nordeste.
Portal Correio: E para as próximas horas, qual a previsão para a Paraíba?
R: As próximas 24 horas ainda serão complicadas, não só para a faixa litorânea da Paraíba, mas também agreste, partes do Cariri e mais pontualmente na região do Sertão. Tanto é que nós acabamos de renovar o aviso meteorológico especial na tonalidade laranja. Isso significa que as chuvas podem, nas próximas 24 horas, ficar até 100 milímetros. E essas chuvas ainda podem pontualmente ser acompanhadas de descargas elétricas, trovoadas e ventos fortes.
Portal Correio: Tivemos algumas mortes no estado de Pernambuco de pessoas que tentaram enfrentar esse mau tempo. Para evitar esse tipo de situação, o que você aconselha?
R. Se, por exemplo, eu tenho uma atividade marcada para uma região que eu sei que está chovendo muito e que eu posso esperar para ir outro dia, por que não fazer?! Se eu estou na rua e começa a chover, eu tenho que buscar uma região segura, um abrigo. Se a água começar a subir, e eu estiver uma região de alagamento, não enfrentar o alagamento. Então são essas pequenas dicas que podem ser bobas, mas que podem salvar a vida. A gente tem o nosso maior bem, que é a nossa vida. Então a gente tem que usar dessas informações. E uma coisa importante é que a população siga as orientações dos órgãos oficiais.