O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta-feira (23/05) um novo recorte do Censo Demográfico mais recente mostrando a taxa de analfabetismo de brasileiros com 15 anos ou mais que tem alguma deficiência.
De acordo com os dados, entre os municípios brasileiros, São Domingos, cidade localizada no interior da Paraíba, mostrou a maior taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais com deficiência: 71,4%. Já o menor patamar, de 2,2%, foi verificado em Nova Candelária (RS).
O analfabetismo atingia 21,3% das pessoas de 15 anos ou mais com alguma deficiência no Brasil em 2022. A taxa é o quádruplo da registrada entre a população da mesma faixa etária sem deficiência (5,2%).
Uma pessoa é considerada analfabeta na pesquisa quando não sabe ler ou escrever pelo menos um bilhete simples ou uma lista de compras no idioma que conhece, independentemente do fato de estar ou não frequentando a escola.
De acordo com o IBGE, a diferença de 16,1 pontos percentuais entre as duas taxas está associada em parte à composição etária de cada grupo.
“O grupo com deficiência tem uma proporção maior de idosos e, como o analfabetismo tem forte componente geracional, isso contribui para uma taxa mais alta entre as pessoas com deficiência”, afirma o instituto.
A parcela de jovens e adultos de 15 a 29 anos equivale a 10,7% da população com deficiência e 23,8% das pessoas sem deficiência. Já os idosos de 60 a 69 anos correspondem a 17,9% da população com deficiência e a 8,3% das pessoas sem deficiência.
Isso, segundo o instituto, sinaliza a persistência de barreiras no acesso das pessoas com deficiência à educação, mesmo com a adoção de políticas de inclusão.
Considerando a população de 15 anos ou mais com deficiência (13,6 milhões), a taxa de 21,3% indica que 2,9 milhões de pessoas eram analfabetas.
Quase metade desse contingente morava no Nordeste (1,4 milhão ou 48%), enquanto uma parcela de 27,7% vivia no Sudeste (804,7 mil). O menor número estava no Centro-Oeste (179,5 mil).
Também há diferenças entre as unidades da federação, conforme lembra esta matéria publicada pela Folha. As maiores taxas de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais com deficiência foram registradas no Piauí (38,8%) e em Alagoas (36,8%).
Já as menores foram encontradas em Santa Catarina (11,6%) e Distrito Federal (11,8%). No estado de São Paulo, o índice foi de 12,9%, o quinto mais baixo.
“Para orientar as políticas públicas na área da educação e promover melhorias nos indicadores educacionais do país, a Meta 9 do Plano Nacional de Educação (PNE) estabeleceu a redução da taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais para 6,5% até 2015 e a erradicação do analfabetismo até 2024”, disse o IBGE.
Os critérios do Censo consideram que uma pessoa com deficiência é aquela que não consegue de modo algum ou tem muita dificuldade para realizar as atividades investigadas em cinco domínios funcionais.
São os seguintes:
- Enxergar (dificuldade permanente de visão, mesmo usando óculos ou lentes de contato);
- Ouvir (dificuldade permanente de audição, mesmo usando aparelhos auditivos);
- Mobilidade dos membros inferiores (dificuldade permanente em andar ou subir degraus, mesmo usando prótese, bengala ou aparelho de auxílio);
- Coordenação motora fina (dificuldade permanente para pegar pequenos objetos ou abrir e fechar tampas de garrafas, mesmo usando aparelhos de auxílio);
- Funções mentais (dificuldade permanente em se comunicar, realizar atividades de autocuidado, trabalhar ou estudar).