Em delação, Cid disse que reunião na casa de Braga Netto discutiu ações para 'gerar caos social'

Fonte: Conexaopb com 247

Publicada às 19/02/2025 08:30

Em acordo de delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, relatou que a reunião na casa do general Braga Netto, ocorrida em 12 de novembro de 2022, serviu para discutir "ações que mobilizassem as massas populares e gerassem caos social". Segundo Cid, o objetivo das medidas era levar o então presidente a assinar o "estado de defesa, estado de sítio ou algo semelhante".

O relato consta na denúncia apresentada nesta terça-feira (18) pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que acusou Bolsonaro, Braga Netto e outras 32 pessoas de tentar realizar um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

"O General Braga Netto, juntamente com os coronéis Oliveira e Ferreira Lima concordavam com a necessidade de ações que gerassem uma grande instabilidade e permitissem uma medida excepcional pelo Presidente da República. Uma medida excepcional que impedisse a posse do então Presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva", afirmou o delator, conforme denúncia da PGR.

Reportagem do jornal O Globo aponta que nos diálogos interceptados, Cid fala em "estimativa de gastos, com hotel, alimentação e material" e "trazer um pessoal do Rio" - o que foi calculado por um major auxiliar em R$ 100 mil. Em sua delação, o ex-ajudante de ordens disse que obteve o dinheiro com Braga Netto, que entregou o montante em uma "sacola de vinho" após arrecadá-lo com um "pessoal do agronegócio".

Segundo a denúncia apresentada por Gonet ao Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro e Braga Netto cometeram os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.