Primeiro-ministro da França enfrentará nova moção de censura

Fonte: Conexaopb com Isabel Alvarez

Publicada às 04/02/2025 03:56

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, deve enfrentar possivelmente já na próxima na quarta-feira (5), outra moção de censura que será apresentada pelo partido de extrema-esquerda La France Insoumise, segundo declaração dos dirigentes do LFI.
 
"Este governo ilegítimo tem de cair", disse o La France Insoumise.
 
A nova moção de censura é a segunda em três semanas. Bayrou, que foi recentemente nomeado, invocou a aprovação do seu plano orçamental para 2025 no parlamento, sem o voto dos deputados, recorrendo a um instrumento constitucional especial conhecido como artigo 49.3 para aprovar o projeto de lei que esta muito atrasado.
 
Na Assembleia Nacional, o primeiro-ministro discursou e apelou sobre a responsabilidade da Câmara, se assim o decidir, em ultrapassar o impasse político que levou à queda de dois governos em menos de cinco meses. "Será um sinal de responsabilidade, de estabilidade", afirmou Bayrou.
 
A moção pode enfraquecer o governo do presidente Emannuel Macron e escalar a crise política no país, uma vez que corre o risco de ser aprovada. Além disso, o antecessor de Bayrou, Michel Barnier já havia também invocado o artigo 49.3, um procedimento previsto para contornar uma votação bloqueada. Mas, em dezembro passado foi destituído com uma moção de censura que teve a união inédita da extrema-direita e da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP).
 
Mas, o Partido Socialista (PS), que faz parte da coligação NFP, declarou hoje que não votará contra o governo de Bayrou. “Mais vale um mau orçamento do que nenhum orçamento”, argumentou o PS. A abstenção socialista é essencial para a moção de censura ser desaprovada.
 
No entanto, o líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, atualmente a força da esquerda mais votada, reagiu a esta escolha do PS de abandonar a Nova Frente Popular."O voto de não censura do PS consuma a sua mobilização ao governo de Bayrou. A NFP ficou com menos um partido", afirmou Mélenchon. 
 
Enquanto isso, o Partido do Rassemblement Nacional (RN), de extrema-direita, não se posicionou e disse que decidiram se votam contra Bayrou até quarta-feira, permitindo que o resultado da votação continue ainda em aberto.
 
Já François Bayrou pretende cortar 30 bilhões de euros e aumentar os impostos em 20 bilhões de euros sobre os super lucros e as famílias mais ricas, com um plano orçamental que visa reduzir o déficit público para 5,4% este ano, em vez dos 6% previstos para 2024.
 
A França tem estado sob pressão da União Europeia por causa do seu déficit, que é mais do que o dobro da percentagem autorizada pelo bloco.
 
Crise política
 
Macron dissolveu a Assembleia Nacional em junho de 2024, logo após o seu partido ter perdido para a extrema-direita nas eleições europeias. No entanto, as eleições antecipadas culminaram em um parlamento dividido, radicalizado e fragmentado pelos partidos. De acordo com a Constituição da França, o presidente francês agora não pode dissolver a Assembleia Nacional antes do verão de 2025.