Macron promete nomear nos próximos dias o novo primeiro-ministro

Fonte: Conexaopb com Isabel Alvarez

Publicada às 06/12/2024 14:17

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou na quinta-feira (5), em um discurso na televisão que nomeará nos próximos dias um novo primeiro-ministro para um governo de interesse geral. "Vou incumbi-lo de formar um governo de interesse geral, representando todas as forças políticas de um arco de governo que dele possam participar ou, pelo menos, se comprometer a não censurá-lo” prometeu.
 
O novo primeiro-ministro terá como primeira grande missão a elaboração de um orçamento para 2025 e sua aprovação.
 
Além disso, Macron descartou a sua própria renúncia, pedida pelos deputados de esquerda e extrema-direita. “O mandato que me foi confiado democraticamente é um mandato de cinco anos e irei exercê-lo plenamente até ao seu fim. O único calendário que importa não é o das ambições, mas sim o da nação, traçando um percurso de 30 meses para um país mais forte e mais justo. Um projeto de lei especial será submetido ao parlamento antes do fim de dezembro, de modo a permitir a continuidade dos serviços públicos e o funcionamento do país. Vai aplicar as escolhas de 2024 para 2025. Espero plenamente que consiga surgir uma maioria para adotá-la no parlamento. Recuso-me a permitir que os franceses paguem a conta da censura. O novo governo deve partir da realidade e não de fantasias e inverdades. Da minha parte, não acredito que o futuro de França possa ser atingido com mais impostos, mais normas. O governo terá de se unir para tomar medidas concretas”, disse o presidente francês.
 
Os deputados do bloco de esquerda e da extrema-direita juntos, num feito inédito, derrubaram na última quarta-feira, o governo do primeiro-ministro francês, Michel Barnier, em meio a uma crise política na segunda maior economia da União Europeia (UE). Barnier havia anunciado que iria acionar o artigo 49.3 da Constituição para aprovar o orçamento da Segurança Social sem votação, mas os parlamentares da Assembleia Nacional apresentaram uma moção de censura e ainda rejeitaram o seu orçamento para 2025. Banier pediu demissão, tendo permanecido no cargo por menos de cem dias, o mais curto desde a Segunda Guerra Mundial.
 
Esta também foi a primeira vez que o Governo francês foi censurado por uma moção desde 1962, num momento em que este que é um dos países-chave da União Europeia (UE) atravessa uma incerteza política e econômica.
 
Por sua vez, Macron busca encontrar um substituto para o cargo e está em contato com vários políticos em busca de uma saída para a crise no país, como a presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, e presidente do Senado,(câmara com maioria conservadora, Gérard Lacher. Também fontes do governo avançaram que Macron almoçou com o seu aliado centrista François Bayrou, um dos favoritos ao cargo de primeiro-ministro francês. Além disso, o ministro da Defesa, Sébastian Lecornu, e o ministro do Interior, Bruno Retailleau, representante da ala mais conservadora da direita tradicional, são mencionados pela mídia francesa como possíveis candidatos. Existem ainda os nomes mencionados ainda antes da nomeação de Barnier, como o ex-primeiro-ministro socialista Bernard Cazeneuve e o antigo comissário europeu Thierry Breton.
 
A líder dos deputados de esquerda França Insubmissa (LFI), Mathilde Panot, que pediu a demissão de Macron, declarou hoje que o seu partido irá certamente vetar qualquer primeiro-ministro indicado pelo presidente francês que não seja da aliança Nova Frente Popular (NFP), que reúne ecologistas, socialistas, comunistas e a esquerda radical.
 
Já o primeiro-secretário do Partido Socialista (PS) francês, Olivier Faure, ainda apelou nesta sexta-feira (6) a "um primeiro-ministro de esquerda" e a "uma mudança de direção" política, antes de reunir com o Macron para discutir sobre um novo Governo.
 
"Só um primeiro-ministro de esquerda está hoje em condições de garantir esta nova direção", assegurou Faure, que garantiu que o seu partido estava disposto a dialogar com a presidência e a direita com base em concessões recíprocas.
 
Entretanto, Faure disse estar preocupado com o fato de Macron ainda não ter chamado nem os comunistas nem os ecologistas, que manifestaram a sua vontade de participar numa abordagem construtiva para a formação de um novo governo.