"Alá salvou o Paquistão hoje, graças às orações de milhões de paquistaneses", declarou o novo chefe de governo. "É a vitória da justiça e o mal foi derrotado".
Sharif, líder da Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N), de 70 anos, vai liderar esta república islâmica, um país de 220 milhões de habitantes com armas nucleares.
Ele sucede a Imran Khan, 69 anos, ex-astro do críquete que foi eleito em 2018 e perdeu o poder no domingo por uma moção de desconfiança, um movimento sem precedentes na história do país.
Sharif recebeu o apoio da coalizão que votou a moção contra Khan, formada pelo Partido Popular Paquistanês (PPP), de Bilawal Bhutto Zardari, e pela pequena formação religiosa conservadora Jamiat Ulema-e-Islam (JUI-F), de Fazlur Rehman.
Sua primeira missão será formar um governo a partir dessa aliança díspar, já que o PML-N e o PPP foram rivais durante grande parte de sua história.
O ex-chanceler Shah Mehmood Qureshi foi o candidato apresentado pelo PTI para esta eleição e não obteve votos. Ele também renunciou e denunciou um "processo ilegítimo".
Khan, que fez o possível para se agarrar ao poder, afirma ser vítima de uma "mudança de regime" orquestrada pelos Estados Unidos por causa de suas críticas à política americana no Iraque e no Afeganistão, com a cumplicidade da oposição.
Negociador
Sharif, além de manter seus partidários unidos, terá que lidar com a difícil situação econômica do país, com inflação alta, rúpia em constante desvalorização e dívidas crescentes.
A deterioração da situação de segurança, com o crescente número de ataques do Tehreek-e-Taliban Paquistão (TTP), o Talibã paquistanês, também será uma das suas principais preocupações.
Shehbaz Sharif é o irmão mais novo de Nawaz Sharif, que foi três vezes primeiro-ministro antes de ser deposto em 2017 por suposta corrupção e preso. Foi libertado dois anos depois por motivos médicos. Desde então, vive exilado no Reino Unido.
O novo chefe de Governo é conhecido por sua tenacidade, sua obsessão pelo trabalho e por citar poemas revolucionários em seus discursos.
Ele também esteve ligado a casos de suborno e corrupção, acusações que seus apoiadores dizem ser motivadas por vingança política por parte de Khan.
Em dezembro de 2019, a Autoridade Anticorrupção (NAB) apreendeu quase 20 propriedades pertencentes a ele e seu filho Hamza, acusando-os de lavagem de dinheiro.
Ele foi preso em setembro de 2020, mas quase seis meses depois foi libertado sob fiança, aguardando um julgamento que ainda não ocorreu.
Ao contrário de seu irmão mais velho, que mantinha relações tensas com a oposição e os militares, ele é considerado um negociador mais flexível, capaz de estabelecer compromissos até mesmo com seus inimigos.